segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Domingo de Eleição

         
            No último domingo, acordei às seis da manhã e, como boa parcela de brasileiros, parti para cumprir mais uma vez meu papel nas eleições, trabalhando como mesário.

            Ao fazer uma análise geral, posso dizer que, com exceção da falta de tinta na carimbeira utilizada pelos eleitores não alfabetizados, a falta de fitas para colar as listagens de candidatos e a falta de precisão na ordem alfabética dos cadernos de assinatura dos eleitores, tudo correu tranquilamente.

            Um fato que me chamou a atenção foi a quantidade de eleitores que não compareceram em minha seção. Em um total de aproximadamente 395 eleitores, pelo menos 50 não votaram.

            Outro ponto interessante é o número de “voluntários” que reclamam dizendo que não querem mais trabalhar nas eleições. Esses são em número muito superior àqueles que se dizem satisfeitos. No entanto, ao final da votação, reunidos para levarmos as urnas até a sede onde a equipe do TRE estava alocada, pude perceber que todos brincavam contando os acontecimentos do dia e não observei ninguém com mau-humor aparente.

            O que me impressionou foi a quantidade de eleitores que chegavam às seções sem a menor ideia de em quais candidatos votar ou sequer dos cargos que estavam sendo disputados.

            Um ocorrido que me surpreendeu negativamente, ou, melhor dizendo, indignou, foi o comentário infeliz de um mesário ao final do dia: “Só no Brasil mesmo para analfabeto votar”. Muito provavelmente o analfabeto a que ele se referia pode até não saber ler, mas é bem possível que não seja ignorante como ele, que não sabe que os analfabetos conhecem os números e só precisam saber as cores dos botões de CORRIGIR e CONFIRMAR para votar. De minha parte, é inaceitável conceber esse tipo de declaração, vez que não consigo entender como alguém pode desconsiderar essa grande massa de brasileiros que muito contribui com sua força de trabalho para o desenvolvimento do país.

            Por fim, só posso acrescentar que acordar todo domingo e ir à feira tomar caldo de cana com pastel pode custar até oito reais, mas trabalhar no domingo de eleição NÃO TEM PREÇO.

2 comentários:

  1. Também gostaria de ressaltar que ao invés da pessoa ficar preocupada com os analfabetos, que podem nao saber ler e escrever, mas podem conhecer os candidatos e votar com consciênca. Essa pessoa deveria se preocupar com os cidadãos que se engreagaram... Aí eu me pergunto.. Essas pessoas embreagadas estavam em condições de votar?
    Na minha opinião, não.

    Adorei o comentário!

    Miriam

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  2. Ótima observação sua, há muitos analfabetos que não sabem decodificar palavras, mas eles possuem uma leitura de mundo e uma bagagem cultural e nós não devemos de ignorar isso. Fico triste em saber que há indivíduos que discriminam pessoas analfabetas, visto que todos somos cidadãos e temos os mesmos direitos.

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